The winning entry has been announced in this pair.There were 5 entries submitted in this pair during the submission phase. The winning entry was determined based on finals round voting by peers.Competition in this pair is now closed. |
Quanto à minha mãe, que não via desde que nascera, a estada em La Rochelle foi também uma ocasião para a descobrir completamente. Antes de mais, não deixava de me surpreender o facto de ela só me ter beijado duas vezes, e apenas na testa, após esta separação assaz longa; não adivinhava ainda que esses dois beijos seriam os únicos que receberia dela em toda a minha vida. Achava-a amarga quando falava e enfadada com os meus risos inconsiderados perante as fantasias dos meus irmãos. “Decididamente, esta criança não é bonita.” - disse ela um dia à minha frente ao meu irmão Constant – “Só tem olhos; comem-lhe a cara; é uma desmesura bastante ridícula”. Foi, contudo, apenas alguns dias depois da minha chegada que a minha reserva a seu respeito se tornou uma franca aversão. Esta mudança veio da maneira como ela pensava ter de me levar à igreja. Nunca ouvira a missa, mas sentia mais curiosidade do que hostilidade e, apesar de ter ido por vezes ao sermão com os Villette, não pensava ser huguenota. A minha mãe levou-me à igreja como me teria levado ao calabouço: com ameaças e um punho fechado na mão. Eu não era naturalmente dócil e a minha natureza comportava um fundo de rebeldia que era despertado pelo uso da força. A minha mãe conseguiu, com o seu método, o belo resultado de eu virar as costas ao altar assim que entrei na igreja. Deu-me uma bofetada; suportei-a com uma grande coragem, sentindo-me gloriosa por sofrer pela minha religião. Quanto à missa, esta resistência não durou porque não tinha fundamento, mas nunca me recompus da aversão pela minha mãe que deu origem a esta aventura. | Entry #1840 Winner
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Quanto à minha mãe, a quem eu não via desde o meu nascimento, a estada em La Rochelle foi também a oportunidade de a descobrir completamente. Não pude deixar, antes de mais, de me surpreender quando a minha mãe me beijou duas vezes apenas, e somente na testa, depois de uma tão longa separação; não podia eu ainda adivinhar que estes dois beijos iriam ser os únicos que receberia dela em toda a minha vida. Achava os seus modos ásperos e via como ficava enfadada com os ataques de riso que me davam sem contar por causa das tropelias dos meus irmãos. "Decididamente esta criança não é bonita, disse ela um dia diante de mim ao meu irmão Constant, só tem olhos; tapam-lhe a cara, que desproporção tão ridícula." Contudo, foi só alguns dias depois de eu ter chegado que a minha reserva relativamente a este lugar se começou a tornar uma verdadeira aversão. Esta mudança adveio da maneira como ela achava que me devia levar para a igreja. Nunca tinha ouvido missa, mas o que eu sentia era mais curiosidade do que hostilidade e, mesmo que eu tivesse ido por vezes ao templo com os Villette, achava-me mais huguenota. A minha mãe levava-me para a igreja como me poderia ter levado para o cadafalso: com ameaças e a minha mão bem presa pelo punho cerrado dela. Eu não era propriamente dócil e a minha natureza comportava um fundo de rebelião que o uso da força despertava ainda mais. A única coisa que a minha mãe conseguia, com este método seu, era o lindo resultado de eu, assim que chegava à igreja, virar as costas ao altar. Dava-me um estalo, que eu aguentava com grande coragem, sentindo-me gloriosa por estar a sofrer por causa da minha fé. Quando à missa, esta resistência não durava muito porque não tinha razão de ser, porém nunca me recompus da aversão que esta aventura fez nascer dentro de mim no que dizia respeito à minha mãe. | Entry #1669
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Em relação à minha mãe, que não tinha visto desde o meu nascimento, a temporada em La Rochelle foi também uma ocasião para voltar a descobri-la por inteiro. Primeiro, não deixei de ficar surpresa que ela só me tivesse beijado duas vezes, e apenas na testa, depois desta separação bastante longa; ainda não adivinhava eu que esses dois beijos seriam os únicos que receberia dela na minha vida. Achava-a mordaz no seu falar e irritada com os risos despropositados que me assaltavam diante das loucuras dos meus irmãos. “Decididamente, esta criança não é bela”, disse ela num dia, à minha frente, ao meu irmão Constant, “tem uns olhos enormes, que lhe comem a cara; é um exagero extremamente ridículo”. Contudo, só alguns dias depois da minha chegada é que as minhas reservas para com ela viraram uma verdadeira aversão: essa mudança foi provocada pela maneira como ela acreditou poder levar-me à igreja. Nunca tinha assistido à missa, mas sentia mais curiosidade do que hostilidade e, embora tivesse ido por vezes à pregação com os Villettes, não me achava uma huguenote. A minha mãe levou-me à igreja como me teria levado à cadeia: com ameaças e um punho cerrado sobre a minha mão. Por natureza, eu não era dócil e o meu carácter comportava um fundo de rebeldia que o uso da força despertava. A minha mãe conseguiu, com o seu método, esse belo resultado que, mal me vi dentro da igreja, virei as costas ao altar. Deu-me um sopapo; aguentei-o com muita coragem, sentindo-me gloriosa por sofrer pela minha religião. Quanto à missa, essa resistência não demorou porque era infundada, mas nunca recuperei da aversão que essa aventura fez nascer pela minha mãe. | Entry #2162
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Para a minha mãe, a quem eu nunca mais vira desde que nascera, a estadia em La Rochelle foi também a oportunidade de a descobrir na totalidade. Não deixei no entanto de me surpreender pelo facto de ela me ter beijado apenas duas vezes e na testa, após essa separação tão longa; mais uma vez nem adivinhava que esses dois beijos seriam os únicos que receberia dela em toda a minha vida. Achei os seus modos frios e leviana nos risos sem consideração que dava perante as fantasias de meus irmãos. “Decididamente esta criança não é bela”, disse ela um dia à minha frente e do meu irmão Constant “ela só tem olhos; eles comem-lhe o rosto; é uma desmesura demasidado ridícula”. Foi apenas, no entanto, alguns dias após a minha chegada que a minha reserva a seu respeito se transformou numa franca aversão: essa mudança ocorreu devido ao modo como ela julgou que me deveria levar à igreja. Eu nunca tinha entendido a missa, mas a minha curiosidade não era superior à minha hostilidade, e apesar de ir por vezes ao sermão com a família Villete, não me considerava protestante. A minha mãe levou-me à igreja como se me levasse para o calabouço: com ameaças e de punho cerrado na minha mão. Eu não era naturalmente dócil e a minha natureza tinha um fundo de rebelião que a utilização de força fazia sobressair. O belo resultado que minha mãe conseguiu com o seu método, foi que logo entrei na igreja virei as costas ao altar. Ela deu-me uma bofetada, e eu suportei-a com grande coragem, sentindo-me gloriosa por sofrer pela minha religião. Relativamente à missa, essa resistência não duraria muito tempo pois não tinha fundamento, mas nunca me restabeleci da aversão a minha mãe que fez nascer esta aventura. | Entry #2212
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